29.12.10

Roupas

Visto roupas,
roupas impostas
para que eu possa
passear na praça
e mesmo que nunca o faça,
que me feche, ou amofine,
visto roupas, para ser aceita
por quem tantas vestes, veste,
para que "ele" venha assim sorrateiro
fale de mim
e já no fim me defina

Define, dando fim
no que sou,
levando de mim o que dou
e deixando de dar, me oprime
num regime,
do que tenho que ser
do que não posso dizer,
coloca capas sobre mim
me faz ser assim!

E me veste, como se vestia
como se algum dia
tivesse sido feliz!


Eu insisto em investir
contra as roupas,
que embora poucas
expõem marcas
trazem slogan do que sou
mas nunca,
nunca deixam transparente
o que sou verdadeiro,
o meu eu por inteiro

E assim meio demente,
plena ou doente
então me cubro de seda,
fingindo também não ferir!

Nenhum comentário:

Postar um comentário